Atrás do Espelho

Tuesday, November 09, 2010

fotos de Mariana Bêda






Tuesday, August 17, 2010

Álvaro Sanchez, cronópio





Tuesday, September 29, 2009

instruções para voar, um pequeno adendo sobre a fé.

Comece esquecendo-se de si mesmo. Tenha fé. A fé. A fé é a força de uma alma que grita, um desejo constante de continuar mesmo que tudo escorra pelo ralo. Agora, tire do caminho toda falsa dor, toda falsa dificuldade e se conecte com o que você tem de mais essencial, ao que é real, o desejo de voar. Depois, acredite cegamente que existe um solução, ainda que tudo pareça dizer o contrário naquele momento. E diga para si mesmo, repetidamente, que é possível. Uma hora você vai saber disso tão intimamente que todas as suas células farão parecer que é possível. E num salto, você flutuará, mesmo que por segundos, e saberá, ao aterrisar, que você voou, ainda que todos lhe digam o contrário.

Friday, July 17, 2009

para esse hoje cheio de ontem

   O mais fundo dos buracos não seria suficiemte para tirar de mim essa sensação de osso exposto. Estou aos prantos, fora de mim. Caminho como quem marcha, pernas alinhadas, cabeça erguida, rumo certo, mas olhos fundos e sem brilho, como quem ao caminhar perdesse seus próprios passos.
   Meu pés se perdem e por ele escorrem até o chão todas as minhas certezas.


    

o que diria um homem que acaba de descobrir que não existe?

Wednesday, November 26, 2008

vazio

Nunca entendi amor, não assim, puro, em essência. Só entendi o amor pela pele das mulheres com quem me deitei. O amor sempre me foi pernas e coxas, beijos e amassos. Amor sempre foi desejo e angústia.
Nunca entendi que amor estava por trás de tudo isso. Estava não nos seus olhos, mas naquele escuro mistério escondido no olhar. Estava não nos fios de cabelo escorredo pelos meus dedos, mas no espaço que aquele cheiro deixava entre sua nuca e meus sentimentos. Estava não na pele de suas coxas, mas no pequeno espaço entre meus dedos e sua pele.
Nunca vi que o amor estava ali, logo ali, por trás de tudo aquilo que eu julgava ser ele próprio. Habitando o vazio que a matéria escondia. O amor só é possível no vazio e eu fique tanto tempo a procurá-lo naquilo que me parecia mais próximo, naquilo que se apresentava unicamente aos meus olhos. E eu, que nunca pude desconfiar que o amor não cabe no palpável, que é preciso criar o vazio para que ele exista.
É preciso enxergar o sutil, tocar o invisível com cuidado, senti-lo não na palma da mão, mas no espaço entre os dedos. É preciso esquecer as referências daquilo que já se chamou amor, pois o amor não cabe em conceitos. Deixá-lo existir independente de nossa vontade.
A mim assim aconteceu. O amor apareceu. Não quando eu quis que se apresentasse, mas quando esqueci. Só se fez quando esvaziei meu olhar e pude enxergar o que queria se apresentar. Antes disso, só poderia ver o conhecido.

Tuesday, October 21, 2008

telegrama #1

Check-im tremenda confusao. Caixas grandes aviao pequeno. Visto la. Conversa servo-croata. Dificil. Embarque aceito. Almoco rapido demais. Aviao. Cadeira boa. Pernas esticadas. Lingua estranha. Dificil comunicacao. Preferimos silencio.

Monday, October 20, 2008

telegrama #2

ouvidos confusos. falar intuitivo. comunicacao impossivel muitas vezes. sensacao frustante. palavras significam o que foge aos labios. ninguem se entende. possivel fazer, entrementes. cinco linguas ao redor. uma branca e quatro azuis.

telegrama #3

altura desfavoravel. horas demais voo. filmes passeiam pela retina. dormir impossivel. conversar improvavel. silencio deixa fluir pensamento. lingua estranha invade sentidos.

telegrama #4

terra distante. olhares estranhos perseguem nossa lingua. vista desconhecida das montanhas. estar longe casa da significado a palavra casa. sentimentos escuros buscam luz. horizonte longinquo. espero resposta amigavel.